Histórias daqueles que o vírus não pode parar

Histórias daqueles que o vírus não pode parar

“Jogamos com a sorte todos os dias”

A segurança de um país não pode ser feita através do teletrabalho e os agentes da PSP veem agora o seu esforço redobrado. Desde o início da pandemia que Paulo Peres, agente da PSP e dirigente sindical, não vê os pais. “A relação próxima que tenho com eles está suspensa e só vejo os meus dois filhos – um de 12 anos e outro de 15 – e a minha mulher, mais ninguém”, conta. Todos os cuidados são poucos, sobretudo “porque nunca se sabe se o vírus não é levado para casa”.

Sempre que pode, Paulo toma banho no serviço para não entrar em casa com a roupa do trabalho. “Nós não somos exceção, não somos diferentes das outras pessoas, e também temos medo”, diz. Faz parte da divisão de Alverca e o facto de fazer turnos rotativos – manhãs, tardes ou noites – é um fator que aumenta a preocupação, tanto dentro do trabalho como fora dele. “Ao contrário de outras instituições, na PSP continua a haver uma rotação dos grupos”. Ou seja, Paulo, de 44 anos, não trabalha sempre com os mesmos colegas. “Se assim fosse, seria mais fácil fazer a prevenção, mas há sempre o fator surpresa, não sabemos se a pessoa com quem vamos trabalhar está ou não infetada”, acrescenta.

Paulo faz parte da Brigada de Investigação de Acidentes de Viação e, desde que os primeiros casos foram confirmados, cada agente tem a responsabilidade de desinfetar o local de trabalho. “Temos uma solução, que mais não é do que água com lixívia, que passamos em todo o lado. Por exemplo, limpo sempre a minha secretária e até as maçanetas das portas são desinfetadas e os carros também”, explicou. Também os kits de proteção são outra das preocupações, já que cada kit tem apenas uma máscara, um par de luvas e uma viseira, que é de uso sem obrigatório. “Se tivermos duas ocorrências no mesmo dia, ficamos sem máscara e luvas”, acrescenta.

A pandemia trouxe uma diminuição dos acidentes nas estradas, por isso, Paulo conta que aproveita agora para adiantar trabalho pendente de processos que tem em mãos relativos a sinistros automóveis. “Mas continuo a trabalhar, nada mudou”.

Localização

Não disponível

  • Tipo: Entrevista

Exportar para PDF

Contacto