PSP e GNR juntam-se esta tarde em protesto frente ao Parlamento: são esperados milhares de agentes
O Largo do Carmo prepara-se para receber, esta quarta-feira, milhares de elementos da PSP e GNR, que vão protagonizar uma marcha de protesto até à Assembleia da República. Os representantes da plataforma de sindicatos das forças policiais estão a alugar autocarros que vão partir de vários pontos do país. A concentração está marcada para a frente do Comando-Geral da GNR, sendo que, a partir das 17h30, vai começar a marcha a pé para o Parlamento.
A plataforma de associações socioprofissionais da PSP e GNR espera reunir pelo menos oito mil elementos das forças de segurança na manifestação. “Estamos a contar com milhares de camaradas que se mobilizaram de todos os cantos do país ”, referiu o presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia, Bruno Pereira. “Nunca tivemos algo que imobilizasse tanto polícias, infelizmente pelo pior dos motivos”, acrescentou.
Contactado pela ‘Executive Digest’, Pedro Carmo, presidente da OSP/PSP (Organização Sindical Dos Policias), relatou o descontentamento que grassa entre os elementos das forças policiais.
“Existe um descontentamento generalizado no seio dos profissionais de Polícia. Ao longos de largos anos, o trato indigno e desigual refletiu-se na perda de direitos fundamentais e transformou-se num profundo sentimento de injustiça”, referiu o responsável.
“A PSP está envelhecida em todos os patamares. O investimento concretizado até hoje na PSP ficou sempre aquém das necessidades, de uma adequada manutenção e modernização dos meios e serviços, bem como das compensações e índices remuneratórios dos profissionais de Polícia”, precisou Pedro Carmo, salientando que “a maioria dos departamentos policiais têm evidentes sinais de degradação, o material logístico e de apoio operacional está desadequado ou danificado e uma grande percentagem de profissionais já deveria estar na aposentação, existindo sérias dificuldades em recrutar novos elementos para o efetivo policial”.
Mais concretamente, os “computadores, impressoras, fotocopiadoras, telefones e outro material logístico está obsoleto e deteriorado. Os rádios e as viaturas com falta de manutenção apropriada e muitas deveriam mesmo ser afastadas do serviço. O gás pimenta e os coletes balísticos com prazo expirado. Tudo isto põe em causa a capacidade de resposta às solicitações do cidadão, à eficácia conveniente a um meio de emergência”.
As queixas são múltiplas, garantiu Pedro Carmo. “O rádio não funciona adequadamente, pois está degradado ou em muitas zonas não tem rede, originando a falta de resposta dos meios policiais, podendo pôr em perigo a segurança do cidadão e dos profissionais de Polícia. As viaturas têm deficiências, seja os pneumáticos, amortecedores, falta de luzes, etc, o que pode pôr em causa a segurança rodoviária, logo tem de ser dada como inoperacional para circular. O gás pimenta está fora de prazo, inviabilizando a sua eficácia no controlo de suspeitos. Os coletes balísticos necessitam de verificação da condição de eficiência balística”, indicou, salientando que “tudo isto converge em falta de condições de trabalho, na incapacidade de resposta adequada, na degradação das condições de segurança pública do cidadão”.
“Como trabalhador, o polícia depara-se com:
– a perda de 10% de poder de compra no ultimo ano e vencimento de agente semelhante ao ordenado mínimo nacional;
– o vencimento liquido de oficial de polícia é cerca de 50% mais baixo do que o de inspetor da PJ, tendo ambos os profissionais licenciaturas;
– o suplemento de serviço das forças de segurança, que engloba a exclusividade laboral, insalubridade, disponibilidade permanente e isenção de horário e 20% sobre o vencimento base;
– o suplemento de turno tem valor fixo, sendo este muito inferior aos 25% sobre o vencimento base plasmado como direito na legislação do trabalho;
– o subsídio de refeição de 6€ para fazer face à compra de refeição em take-way;
– o risco compensado com um suplemento de 100€;
– 3,5% de desconto, por 14 meses, para o subsistema de saúde SAD-PSP, sendo que muitos acordos foram extintos ou diminuída significativamente a comparticipação. O polícia não pode ‘desistir’ do seu desconto, os reembolsos de comparticipações por vezes demoram 6 meses. A título de exemplo se lhe são prescritas análises ao sangue pelo SAD-PSP, o profissional paga as análises, já se a prescrição fosse pelo SNS não pagava;
– o profissional de Polícia não tem um Plano de Higiene e Saúde no Trabalho;
– até o cartão de identificação policial quando caduca chega a demorar mais de 6 meses a ser emitido, o que leva o profissional de Polícia a andar com o cartão de identidade policial expirado, necessitando de consecutivas declarações que atestam a sua condição de Polícia.”
Por último, as manifestações recentes da polícia não vão abrandar num futuro próximo. “São demasiados assuntos que causam o descontentamento, tudo causado pela ausência de interesse dos Governos, pois se até o cidadão comum já entende as nossas carências e desigualdades o Governo, com inúmeros documentos entregues e contestações, só não sabe e cria um plano efetivo para os resolver porque não pretende… ou porque os polícias não têm direito à greve e as formas de contestação de que dispomos não causam mossa a quem governa”.
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